terça-feira, 10 de março de 2015

PESQUISA COMPROVA QUE OFENSAS NA INFÂNCIA REFLETEM NA PERSONALIDADE






Veículo: Portal G1  

A "Lei da Palmada" pune humilhações e ameaças feitas a uma criança. Apesar do que sugere o nome pelo qual a lei ficou conhecida, as agressões verbais são um problema tão grave quando as físicas. Pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) constataram a relação entre palavras ofensivas e de negligência emocional na infância e a personalidade do adulto, como mostra reportagem do Fantástico (confira no vídeo).
Para fazer o estudo, os psiquiatras criaram uma página na internet, na qual o entrevistado faz um cadastro anônimo e responde a perguntas sobre suas experiências de vida. Em troca, recebe um perfil de personalidade. Os pesquisadores usam as informações para comparar os relatos de maus tratos físicos e emocionais na infância com as características atuais do temperamento de quem preencheu o cadastro.
Lembranças de ofensas reduzem em até 30% a autoestima e o otimismo, e aumentam em 20% a impulsividade. "O pior tipo de trauma que uma criança pode passar é o abuso emocional. Ofensas, humilhações e hostilidade verbal. Porque, eu diria assim, a dor do coração não passa", explica o psiquiatra Diogo Lara, coordenador da pesquisa.
O estudo apontou que 60% dos brasileiros já sofreram abuso emocional. A psiquiatra Cláudia Szobot, terapeuta do Instituto da Família, confirma que, em muitas famílias, os adultos repetem com os filhos as agressões verbais que viveram na infância.
"Aquelas figuras cuidadoras de amor, que deveriam ser cuidadoras, deram para ela essa mensagem, que está bem xingar, que pode ser estúpido, que pode desqualificar o outro e muitas vezes a criança cresce achando que isso é normal, que é assim mesmo", diz a psiquiatra.
Cláudia sugere o que um pai pode fazer quando constatar o erro. "Ele pode pedir desculpas para a criança, [falar] que ele não quis dizer aquilo, ele estava fora de si. Isso também mostra para criança a humildade, que as pessoas podem errar", aconselha Diogo.
Talvez eu possa desculpar, mas que infelizmente eu não vou esquecer"
Insultos na infância
Aos 35 anos, um homem que não quis se identificar afirma que ainda sofre com o que ouvia na casa do pai, que hoje, depois de uma terapia familiar, reconhece o erro. "Eu diria que talvez eu possa desculpar, mas que infelizmente eu não vou esquecer", diz.
O pai reconhece o erro. "Eram agressões no sentido de humilhar e ofender e diminuir ele", lembra.
Já o filho recorda com detalhes. "Chamou-me várias vezes alegando peculiaridades físicas, me chamou de podridão. Ele era muito maior do que eu fisicamente, então não me sobrava muito essa alternativa, senão me resignar", lamentou.
Uma menina, que também não quis se identificar, relata ter sido insultada pela mãe. "Ela me chamava de prostituta, falava que eu não prestava, que eu tinha que morrer, porque ela não me aguentava mais", conta. "Eu sofria muito quando ela me falava tudo isso, e eu me sentia muito pra baixo", acrescenta.
Quando a menina tinha 14 anos, a Justiça tirou a guarda da família biológica. Ela foi adotada e, quando tinha a atenção chamada, percebia a diferença entre os tratamentos que recebia. "Eles sentam comigo e conversam e falam: ‘Isso está errado. Então vamos tentar mudar isso", responde.
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